Sucesso garantidíssimo.
Não tenho nada contra estes dois autores. Quer dizer, tenho e não tenho ... Explico: tenho porque desconfio (pronto, tenho a certeza) de que escrevem porque descobriram ali um modo de sobreviver à custa de encher páginas e páginas e mais páginas de letras e palavras de forma articulada (sem conteúdo ou significado). Por outro lado, não posso deixar de lhes reconhecer o mérito do esforço e sucesso de olharem pela sua vida.
Os livros de ambos são agradáveis. Apenas isso. Nem interessantes chegam a ser. Interessante é aquele adjectivo amorfo e último recurso adjectivista a que se recorre quando qualquer coisa não provocou qualquer sensação ou sentimento em nós. Utiliza-se amiúde ... menos no sexo, claro - Foi bom para ti? Foi interessante - Chapada.
Vistos os milhares de páginas que estes dois autores vendem, posso concluir que de que o que gostamos é do agradável - sim, aquilo que nos deixa com a sensação de um tempo bem passado, que não deu a volta ao miolo - não nos fez pensar - e que entretanto será esquecido com o passar do tempo ou por outra coisa agradável que entretanto surja.
É isto que queremos? Para nós? Para os nossos FILHOS? Que a vida decorra agradavelmente? Sem sobressaltos? Sem descobertas? Sem eurekas?
Boa literatura é aquela que nos faz pensar. E sim, tem de ser ensinada. Precisamos de ajuda para decifrar um livro, para lhe descobrir as metáforas e os mistérios. Os porquês. Só assim aprenderemos a gostar de ler, de descobrir.
Um livro só nos apaixona quando lhe conhecemos todos os segredos. Como um quadro, uma escultura ...
Só se aprecia verdadeiramente Os Maias, A Sibila, A Ronda da Noite (o quadro), La Petite Danseuse ... depois de nos terem explicado o porquê de existirem.
Um livro de Nicholas Spark ou de Margaria Rebelo Pinto têm segredos?
(gostaram do recurso adjectivista? ah! o que eu adoro inventar palavras)